Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Pacheco é aclamado e discursa como candidato ao governo de Minas

Com foco no municipalismo, senador também tratou de demonstrar em seu discurso que tem documentado o que apresentar em uma eventual campanha ao governo de Minas

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Se aliados do senador Rodrigo Pacheco (PSD) tinham mais certezas do que dúvidas de que ele não seria candidato ao governo de Minas em 2026, talvez mudem de ideia depois que ouviram-no discursar no evento público realizado no CeasaMinas, nessa quinta-feira (12/6), com a participação do presidente Lula (PT), para a entrega de 318 máquinas agrícolas a 301 municípios mineiros no âmbito do Programa Nacional de Modernização e Apoio à Produção Agrícola (Promaq). Sem mencionar em momento algum o governador Romeu Zema (Novo) ou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Zema, hoje, incorpora a sua narrativa, Rodrigo Pacheco estabeleceu as referências em que se enquadrará o debate público.

Um debate que, fica claro em seu discurso, irá se contrapor ao que chamou da “política do espetáculo, circense, esvaziada de espírito público e sem realizações efetivas para municípios e instituições”, à qual, deixou subentendido, associa Zema e Bolsonaro. Um tipo de política que nega a política e, na avaliação do senador, se apresenta rompendo com a liturgia do cargo de governador, desvalorizando o espaço do debate público, com negacionismo à ciência, negacionismo histórico e narrativas descomprometidas com a democracia, incompatíveis com a tradição de Minas que legou ao país líderes como Tiradentes, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Itamar Franco.

“Este estado que tem a tradição política de construir, dialogar, desenvolver, de progredir, de defender a liberdade, não pode se contentar com a política feita de um videomaker, de TikTok ou rede social. O negacionismo, o populismo, a demagogia, a lacração da rede social têm tornado a política cada vez menor, menos resolutiva para a vida das pessoas”, afirmou. Ao mesmo tempo, Rodrigo Pacheco fez o contraponto fixando a sua régua de valores para a ação política.

“Enquanto faziam desfile de tanque de guerra na Esplanada para intimidar instituições do Judiciário e do Legislativo, eu como presidente do Senado votava lei que revogava a Lei de Segurança Nacional (LSN) e criava a defesa do Estado democrático de direito (...) E entregamos esse diploma legal que permite que qualquer um que queira flertar com autoritarismo e o retrocesso democrático responderá criminalmente”, afirmou, assinalando que se orgulha de a sua trajetória, hoje, se confundir com a defesa da democracia no Brasil.

Reiterando os ataques que recebeu de milícias digitais antidemocráticas – e ameaças de morte também dirigidas à sua família –, Pacheco apresentou o balanço de suas ações públicas dos últimos oito anos. “Enquanto me agrediam ou negavam a gravidade da Covid-19, quando alegavam que vacina não fazia bem à saúde, estávamos trabalhando na lei das vacinas, o que permitiu salvar pessoas”, começou, mencionando na sequência a aprovação da reforma tributária, algo que há 30 anos se tentava fazer no país.

Com foco no municipalismo, o senador também tratou de demonstrar em seu discurso que tem documentado o que apresentar numa eventual campanha ao governo de Minas. Citou a inclusão de 81 municípios mineiros na área da Sudene e a sua atuação para a recuperação do reservatório de Furnas. E para a instalação do Tribunal Regional Federal (TRF-6), demanda de mais de 20 anos do estado.

Ao falar da dívida de Minas com a União, Pacheco reiterou a ausência de Romeu Zema para a solução desse que considera o principal problema do estado. Chamou para si, para Tadeu Martins Leite (MDB) e parlamentares o protagonismo na construção do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas do Estado (Propag), que estará no centro da campanha eleitoral ao governo de Minas em 2026.

“Criamos o Propag como alternativa, quando se propunha um programa que só sacrificava servidoras e servidores de Minas, com entreguismo absoluto para a iniciativa privada de nossos ativos, sem se dar solução à dívida do estado”, declarou, acrescentando: “Hoje, cabe ao governo do estado fazer com que isso seja efetivado para salvar Minas Gerais da falência”. Deixou subentendido também que Zema recebeu sem esforço a solução de um problema, embora, com alguma frequência, seja incapaz de reconhecer publicamente o que tem em mãos.

Pode ser que o senador Rodrigo Pacheco ainda percorra um caminho à frente de idas e vindas em sua decisão de concorrer ao governo de Minas. Os seus interlocutores conhecem-no: longo é o caminho para a sua deliberação. Ainda assim, sem dúvida alguma, o senador voltou a figurar como principal alternativa de um amplo espectro de partidos políticos, da direita democrática à esquerda para 2026 ao Palácio Tiradentes.

 

Vai e vem

De um aliado do senador Rodrigo Pacheco (PSD): “Desta vez, foi. Candidatura lançada. Sei que ainda vão ter idas e vindas. Mas não vão faltar novos empurrões do presidente Lula e de todas as forças políticas que buscam uma alternativa para Minas”.


Fim do referendo

Reunião extraordinária na Assembleia, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta sexta-feira, irá deliberar sobre a PEC 24/2023, que retira a exigência de referendo popular para a desestatização de empresa de propriedade do estado prestadora de serviço público de distribuição de gás canalizado, de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica ou de saneamento básico. Cemig, Gasmig e Copasa são as estatais em questão.


Quórum qualificado

A PEC 24/2023 também suprime o quórum qualificado para aprovação de lei que autorize a alteração da estrutura societária ou a cisão de sociedade de economia mista e de empresa pública ou a alienação das ações que garantem o controle direto ou indireto dessas entidades pelo estado.


Filtro ideológico

O líder do PL na Assembleia, deputado estadual Bruno Engler, indica as pré-condições para a escolha de pré-candidatos do partido ao Senado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Viabilidade eleitoral, combatividade, porque não adianta acreditar no que acreditamos, mas não ter a combatividade para defender o que queremos; e lealdade para não acontecer como em 2018; muitos se elegeram nas costas do presidente e menos de um ano depois já estavam atacando ele”, diz o deputado estadual. Entre os nomes potenciais do PL, ele cita o deputado federal Domingos Sávio, presidente estadual da legenda; o deputado federal Eros Biondini, o deputado estadual Cristiano Caporezzo e o vereador Vile.

 

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Investimentos

O líder do governo na Assembleia, João Magalhães (MDB), teceu elogios ao ambiente de negócios em Minas, durante a prestação de contas ao Legislativo de Mila Corrêa da Costa, secretária de Desenvolvimento Econômico. Segundo ele, entre as entregas do Poder Executivo, estão R$ 500 bilhões em atrações de investimentos, geração de quase 1 milhão de empregos e R$ 42 bilhões em exportações em 2024. Repetindo o vice-governador Mateus Simões (Novo), Magalhães afirmou que pela primeira vez o agronegócio superou a mineração em Minas Gerais.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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