
Corpo de Dança do Amazonas faz temporada em BH com seis espetáculos
Mostra "Amazônia em movimento" começa nesta quinta (13/2), no CCBB-BH, e vai até 24/2, com duas sessões diárias. Montagens têm de Mário Nascimento
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Siga noCoreógrafo paulistano, Mário Nascimento consolidou sua carreira em Belo Horizonte, onde fundou a companhia que leva seu nome, e há quatro anos foi convidado para assumir a direção artística do Corpo de Dança do Amazonas.
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O trabalho que ele tem realizado com a companhia manauense será exibido a partir desta quinta-feira (13/2), na temporada “Amazônia em movimento”, que traz para o CCBB-BH seis espetáculos com sua coreográfica ou que foram criados sob sua supervisão. As apresentações irão até 24/2.
Os espetáculos que integram a temporada são “Grito verde” (coreografia de Ivonice Satie), “Cabanagem” (Mário Nascimento), “Rios voadores” (Rosa Antuña), “TA / Sobre ser grande” (Mário Nascimento), “Urutau” (Andrezza Miyazato) e “Caput – Art. 5” (Jorge Garcia).
Com exceção de “Cabanagem”, que estreou em 2010, todos os espetáculos foram criados sob a gestão de Nascimento. “Todas as obras têm uma coisa de linguagem, um pensamento de dança que acho que eu trouxe para o grupo. Neste período em que estou à frente do Corpo de Dança do Amazonas, convidei coreógrafos que têm a ver com a companhia”, diz.
Essa linguagem e esse “pensamento de dança” de que fala estão estritamente ligados à região, o que se expressa, por exemplo, no aspecto físico do grupo. Ele diz que, como são bailarinos amazonenses, em sua maioria, são corpos robustos, que evocam um lugar de ancestralidade. “O que fiz foi trazer essa imagem da companhia à tona, porque ela tem uma cara, uma característica poderosa”, afirma.
O coreógrafo diz ter moldado sua experiência de 30 anos em dança contemporânea às singularidades do Corpo de Dança do Amazonas. “São espetáculos muito orgânicos, com uma capacidade física que explora a ancestralidade e a identidade do povo amazonense. A região, o fator amazônico, as florestas, a questão da preservação e mesmo a questão geográfica, com a distância em relação a outros centros urbanos do país, porque Manaus está muito à parte, tudo isso é considerado. E é o que leva à conexão entre esses espetáculos”, diz.
Nascimento observa que, no geral, a dança contemporânea do Norte do país difere significativamente daquela que se vê em outras regiões do país, o que se relaciona com a compleição física do povo da região. Ele diz que a questão étnica tem um peso grande. “Muitos dos bailarinos têm descendência indígena, outros carregam muito a coisa do caboclo, essa mistura da região, então tem uma energia muito forte. Eles transmitem mesmo essa coisa do que é ancestral.”
Questões sociais
Os outros coreógrafos que trabalharam com o grupo têm essa mesma percepção. “Andrezza Miyazato, que assina 'Urutau', veio da Europa, está radicada lá, e comentou comigo sobre essa energia dos bailarinos, que não item a ideia do colonizado. Isso é muito forte para eles, tem um impacto direto na maneira como dançam, as questões sociais, que caminham junto com a questão técnica, porque são todos muito bem preparados, com excelente formação”, afirma.
Sobre sua experiência de quatro anos à frente da companhia, o coreógrafo diz que tem sido, antes de mais nada, diferente. Quando chegou a pandemia, ele interrompeu as atividades profissionais em BH e foi para Los Angeles, onde estava quando recebeu o convite da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas. “Eu já tinha feito com eles o 'Cabanagem', havia essa ligação, então foi uma coisa meio natural assumir essa direção”, conta.
Contudo, a mudança para Manaus teve um impacto grande em sua carreira. “A região contaminou meu trabalho. Eu era mais urbano e tive um entendimento do que é a floresta, a questão dos povos originários, do meio ambiente, respirando a cultura local, onde o folclore é muito forte. Minha criação foi afetada na medida em que entendi melhor o que é esse Brasil do Norte, um outro lugar, com tudo muito diferente do que eu já tinha vivido”, afirma.
O trabalho tem sido intenso, segundo Nascimento, já que, sendo uma companhia estatal, o Corpo de Dança do Amazonas realiza muitas temporadas no Teatro Amazonas, sempre com casa cheia, porque os ingressos são gratuitos. “A Secretaria de Cultura do Amazonas mantém sete ou oito corpos estáveis, o que é raro. É a primeira companhia mantida pelo Estado que dirijo. Falo para os bailarinos que temos que dar a contrapartida com excelência, porque é dinheiro público que está sendo investido ali”, diz.
A temporada em BH celebra os 26 anos de história da companhia e homenageia os povos originários. Entre as coreografias está “Rios voadores”, da coreógrafa mineira Rosa Antuña, com música original composta por Makely Ka.
Oficina de dança
A temporada “Amazônia em movimento” no CCBB-BH prevê a realização de oficinas ministradas por Mário Nascimento, destinadas a bailarinos profissionais e estudantes de nível intermediário e avançado. O conteúdo inclui técnicas de solo, ondulação, lateralidade, deslocamento e a relação entre movimento, espaço e música, culminando na construção e desconstrução de sequências coreográficas.
As oficinas serão realizadas nesta sexta (14/2) e em 21/2, com disponibilidade de 30 vagas para cada dia, com retirada de ingressos a partir de uma hora antes, na bilheteria do CCBB-BH.
“AMAZÔNIA EM MOVIMENTO”
Temporada do Corpo de Dança do Amazonas, a partir desta quinta-feira (13/2) até 24/2, com apresentações de quinta a segunda, às 15h e às 20h, no Teatro 1 do CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Ingressos a R$ 30 e R$ 15 (meia), a venda no site do CCBB e na bilheteria local.